sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Abandono, viagem, lesão e retorno...

Bem, sei que esse com certeza é um dos blogs menos acessados da web, isso em muito se dá pelo fato de não divulga-lo, meio que por vergonha, meio que por receio. Porém esse não foi o motivo para o abandono, isso ocorreu pela falta de ferramenta (finalmente já suprida), nesse período que passei longe, minha vida teve alguns acontecimentos, talvez compartilhar possa me dar a exata dimensão. Primeiro fui demitido de meu emprego, os amigos e mais chegados sabem o quanto me estressava ter que viajar até a Barra da Tijuca todos os dias, mas também sabem o quanto eu gostava de trabalhar naquela empresa, de fato foi uma pena ter que sair, mas, de certa forma me proporcionou algumas outras experiências, como por exemplo uma segunda viagem à São Paulo.

O programado era uma viagem de 5 dias, porém fiquei 12 dias na "Terra da Garoa" e de fato nesse período fez jus ao apelido. Nesse tempo estive hospedado em 2 albergues, conheci gente nova, pude treinar meu tão enferrujado inglês e principalmente pude adquirir a micro experiência de estar sozinho em outra cidade. Como já é de conhecimento público (não consigo deixar de demonstrar publicamente minha vontade de imigrar para outro país), pretendo em breve me mudar para o Canadá, mas, o que tem a ver  São Paulo com Québec?
De fato nada tem a ver, a não ser a minha experiência pessoal de estar num lugar sem referencias, sem conhecer pessoas, sem conhecer a geografia e nem a dinâmica. Minha pequena viagem para essa cidade que fica a apenas 6 horas do Rio de Janeiro, me trouxe a proporção que seria estar em qualquer outro lugar que não fosse em casa. Ao mesmo tempo que assusta, fascina. Tive bastante tempo para pensar a respeito e cheguei a conclusão de que não vejo a hora de mudar.

Já de volta ao Rio, tive a belíssima ideia de relembrar minha adolescência e então após uma tranquila volta de longboard (skateboard mais longo) resolvi descer uma ladeira perto de casa. Todos os fatores iam contra mim, pois o longboard não era meu, portanto eu não o conhecia direito, havia pelo menos 8 anos que não andava de skateboard, estava sem nenhum equipamento de proteção e meu sobrepeso faz com que numa descida de ladeira o skateboard se torne mais rápido, conclusão: Consegui a proeza de estourar uma lesão antiga no joelho esquerdo, sim, aquela já conhecida que doía por si só. Agora ela dói 10 vezes mais, isso pra me lembrar que eu não tenho mais 16 anos e não peso mais 70 kg.

Mesmo com a lesão nos joelhos (sim o joelho direito também não escapou, apenas foi mais leve a pancada nele), resolvi aceitar o convite de passar 1 semana em Teresópolis. Talvez essa tenha sido a decisão mais sensata dos últimos dias, pois, pude passar um tempo num lugar maravilhoso (apesar de chover praticamente todos os dias), cercado pela natureza e com amigos. No entanto, esses dias de sossego me cansaram bastante, por mas estranho que isso pareça, pois, dormir tarde e acordar tarde, beber como se não houvesse amanhã e passar o dia arrumando algo para fazer, durante sete dias... cansa!

Passei o Reveillon lá, bem, ano novo, vida nova.. novas promessas (serão tema de outro texto). Agora estou de volta, tanto à minha casa, quanto ao blog. Refaço a promessa de que escreverei sempre que achar que devo. Agora meu dia será dividido entre buscar um novo emprego, tentar aprender francês online, encher meu iPod de músicas e escrever aqui tudo o que achar relevante.

Espero que aqueles poucos que já leram algumas linhas aqui, tenham ficado com saudades da leitura, assim como eu fiquei com saudades de escrever.

No mais, desejo de coração que tenhamos juntos não apenas um feliz ano novo, mas sempre, um feliz recomeço.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dores

  Hoje acordei com uma baita dor de cabeça, não sei se por causa da crise alérgica que me veio fazer companhia na madrugada fria, ou se ainda por conta dos exames de vista que fiz ontem e me deixaram com as pupilas dilatadas durante horas. Junto a dor de cabeça, veio também dores nos olhos, sem contar as já conhecidas dores no ombro esquerdo, joelho e tornozelo. Essas não me largam de jeito nenhum!
  Estava eu aqui pensando, qual dessas dores mais me incomoda? Cheguei a conclusão que é a dor de não ter com quem compartilhar minhas dores. Vivemos numa realidade onde absolutamente ninguém se preocupa de fato com o outro. Não quero ouvir um "tadinho, está com o joelho doendo..", pois, meu joelho dói independente da quantidade de "tadinhos" eu conseguir angariar. Mas, então o que diabos esse idiota quer?
Fiquei pensando sobre isso e entendi que quero alguém que me diga para não esquecer os óculos escuros, ou não esquecer de tomar o remédio, alguém que me lembre de colocar gelo sobre o joelho e sempre apoiar o pé esquerdo quando estiver descansando. Queria alguém que prontamente fizesse uma massagem no ombro dolorido, e que quase sempre avançasse para uma massagem nas costas, no peitoral, nas pernas, no ego...       Não, não quero uma enfermeira, ou uma babá, nem quero alguém que seja submissa a ponto de estar sempre a minha disposição. Quero eu uma companheira, alguém que se importe de verdade, que fale por achar estar fazendo o bem. Quero alguém em quem possa me apoiar e que eu saiba que a reciprocidade é verdadeira. As vezes quando se passa muito tempo cuidando de si mesmo, se esquece como deixar alguém cuidar de você, noutras vezes, ter sempre alguém cuidando de você, faz com que se esqueça da sua independência, em ambas as situações, mais  cedo ou mais tarde terá de se deparar com sua própria realidade e suas necessidades.   Talvez essa longa jornada sozinho sirva para calejar a  alma a ponto de não mais sofrer por não ter com quem me importar ou vice-versa. De todas essas dores, somente a certeza de que cada dor serve apenas para mostrar onde está o problema. Então, quando aquela dor que me faz perder noites de sono, me tira o fôlego, a dor que me desnorteia, quando essa passar, então enfim poderei ter alguém que se importe comigo de novo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Saudades Dele...

  Já faz tempo que venho sentindo uma saudade absurda de meu pai, que infelizmente faleceu a anos. Sinto uma falta enorme dos conselhos que ele me dava e tento imaginar o que falaria para mim nas atuais adversidades que me encontro. Outro dia me peguei pensando na enorme dificuldade que meu pai tinha em ser simplesmente pai. Fora o último de 12 filhos, praticamente criado pelas irmãs mais velhas, tendo assim ele mesmo, pouco contato com seu pai. Me lembrei de como ele que desde cedo ganhou o mundo, um dia me confessou que sentia falta de meu avô. Pensei: Como podia ele ser um bom pai, se ele mesmo não teve um exemplo? Como poderei eu ser bom se também já perdi minha diretriz? Esses pensamentos sobre o futuro me desesperam.
  Meu pai havia sido um homem com suas próprias frustrações. Fora a vida toda servidor público, mesmo tendo almejado o profissionalismo no futebol (habilidade essa que não herdei). Tivera ele poucas aspirações na vida além dessa que se desfez por conta de uma lesão no joelho. De resto viveu da forma que pode, cada dia por vez.
  Hoje, já crescido, sinto que preciso muito mais da sabedoria dele, do que achava que precisava quando ele partiu. Preciso da companhia ou simplesmente do carinho que sempre por ele me fora dado. Ele deixou em mim, mais do que talvez eu mesmo saiba. Além dos traços físicos, a genética me fez ter um senso de humor parecido, só me distingo da habilidade inata que ele tinha de fazer o bem (não sou tão bom assim).
  Hoje vejo que preciso me espelhar nele para que eu possa fazer parte da vida de meus filhos e que mesmo sem muitas habilidades, ainda sim espero que quando for minha hora de partir, eles possam ter o mesmo sentimento por mim, assim como tenho por ele.



  Talvez agora eu saiba o por que de não mais tê-lo por perto, talvez a vida me tenha dado a possibilidade de vir daquele que me prepararia para as asperezas que meu futuro me reservara.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Fragmentos de nós

  Queria escrever, até comecei a tentar, pensei em escrever sobre algo que se passava em minha cabeça, sobre como as mulheres tem reclamado da falta de "homens de verdade", mas, antes que pudesse clarear os pensamentos a ponto de coloca-los aqui, uma amiga me surpreendeu ao postar no facebook uma frase que havia falado para ela há uns 2 anos. Não esperava que ela lembrasse, na verdade eu nunca espero que lembrem, acho que até mesmo faço questão de esquecer parte do que digo. Porém, ela postou, com as mesmas palavras e creditou a mim. Daí surgiu a necessidade de falar sobre isso, esse pensamento tomou o lugar do outro.
  Quero aqui não falar da honrosa homenagem, mas sim da questão de fazermos parte da vida de outras pessoas, como as vezes nem mesmo nos damos conta. Certa vez enviei um arquivo de áudio para uma amiga, nele continha uma canção que eu com minha péssima voz cantava, acompanhado pela melodia do violão. Me espantei quando ela recentemente disse que ainda tinha guardado um  CD com essa gravação. Me lembrei das coisas que eu mesmo guardo: Tenho um CD e um livro que me fora presenteados por essa amiga, tenho uma pelúcia que uma ex namorada me agradou no dia do meu aniversário, um quadro feito de recortes que um velho amigo me intimou a ficar, mesmo sendo seu sustento. Tenho uma miniatura do Batmóvel da versão do Adam West, me fora dado a exatos 3 anos (presente de Dia das Crianças), por um casal de amigos que a vida infelizmente se deu o capricho de nos separar. Cada um deles uma recordação, um pedaço dessas pessoas que ficou em mim e espero eu que um pedaço meu tenha ficado nelas.
  Outros tantos gestos ficaram marcados, como um amigo com a metade do meu peso, me carregou por horas  me servindo como apoio ao torcer meu tornozelo. Como quando outra amiga cuidou de mim, num momento de absurda embriagues, queria eu poder dizer aqui cada gesto que me faz sentir gratidão por essas poucas pessoas que fazem parte da minha vida ou de minha história.
  Vejo que cada dia mais precisamos sim de fragmentos de pessoas, complementos de nossa própria existência    e mesmo com todo afastamento necessário pela vida, ainda sim precisamos de mais boas recordações daqueles que um dia fizeram com que em pleno caos, tudo fizesse sentido.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Individualismos...

Há pouco estava discutindo com um amigo no facebook, ele postou algo sobre a vida vazia que as pessoas levam e que nunca se colocam a disposição de tentar mudar. Tentei argumentar superficialmente, mas não fui bem recebido. Me fez pensar que eu já tive a idade dele e as mesmas questões. Talvez o tempo apenas me tenha feito aceitar o que não posso mudar. Mudo apenas a mim e a nada mais, talvez assim mude o mundo.
Eu afirmei numa resposta a ele que 'não tinha mais esperança nas pessoas' e de fato não o tenho. Achava que o coletivo era tosco, hoje vejo que mesmo o individual também o é, mesmo que sem a força do coletivo. Falo do mundo como quem o compreende pela ótica de uma sociedade capitalista, de terceiro mundo, pobre e individualista. Talvez se tivesse nascido em outro lugar minha percepção fosse outra, mas, olhando daqui, vejo que cada dia mais as pessoas são escrotas por opção, por achar legal tratar mal os outros, ou por se achar no direito de externar suas insatisfações pessoais a qualquer momento. Pensei se devia alertar a esse amigo, que por mais que ele pense, não achará respostas e o mundo será igual. É solitário ver que as outras pessoas pouco se importam com o que você acha vital, ou valorizam demais aquilo que é completamente dispensável. Porém, voltamos aqui ao ponto da busca pela felicidade, pois independente de quem e onde, ou de como esse alguém o faça, suas atitudes sempre serão para buscar sua felicidade ou aquilo que ele encara como tal. Mas, como dizer para ele que está errado? Que sua vida é mais do que isso... Não, eu não tenho direito de dizer para ninguém como deve viver. Então resta a mim, tentar ser o melhor que puder, mesmo que para mim mesmo, sendo assim tão individualista e escroto quanto qualquer outra pessoa nesse mundo...

O velho barbeiro...

Sempre corto meu cabelo com o mesmo barbeiro, um senhor já sexagenário, que força bastante os olhos (o que sempre me causa um certo receio). Ele tem um estilo grosseiro, mas ao mesmo tempo é impossível não rir. Ele trata mal seus funcionários, numa antipatia cômica por tão descabida que é. Percebo que aquele senhor, já cansado que ainda insiste em trabalhar, esse senhor tem mais que muita gente. Ele tem pessoas que não ligam e até acham graça das suas grosserias (eu admiro o senso de humor com que ele alveja os outros), tem um trabalho e apesar da já avançada idade, não se entrega ao ócio. Sempre que possível for, irei contar histórias sobre ele e a forma peculiar que ele trata os outros. Me lembro agora, da última vez que fui cortar o cabelo e enquanto esperava, passava na tv uma reportagem sobre o Neymar (jogador de futebol), quando um dos barbeiros disse: "Eu não gosto do Neymar...", foi o suficiente para o Velho começar a ataca-lo com uma saraivada de ofensas. "Vê se pode, um barbeirinho de merda, diz que não gosta do Neymar,  ele é jovem, tem dinheiro, tá comendo todo mundo... e você? Você não tá comendo ninguém, é um fudido.. Cala a boca... ". Impossível não rir ao presenciar essa cena, um simples comentário virou um arsenal de ofensas gratuitas. Talvez aquele senhor já idoso, pudesse ser mais simpático e mais gentil, mas não seria ele mesmo, pois perderia sua essência, perderia a sua aspereza necessária...

Emprego, Buenos Aires e Sociedade...

 Ontem, estava eu no ônibus, como costumeiramente o faço após uma solitária sessão de cinema. Estava pensando o quão solitário estou ultimamente, não que houvesse excessos de companhia de tempos em tempos, mas ultimamente isso de fato estava me incomodando. Não mais me incomodava por me sentir excluído, como sempre, mas sim por não mais querer companhias. Lembrei da minha recente viagem para São Paulo e como as coisas aconteceram. Cheguei em casa, arrumei minha mochila, no dia seguinte fui para o trabalho e de lá para a rodoviária, andei sozinho por uma cidade que não conhecia e mesmo sem sequer uma pessoa do meu lado eu não me continha de felicidade. Pensei que queria sentir aquilo de novo, em Buenos Aires ou na Tailândia... Percebi então duas problemáticas na minha perseguição à felicidade. Meu emprego não me dava tempo para viajar e também não me dava recursos financeiros para isso. Não que seja ruim, eu de fato ganho relativamente bem para alguém na minha posição. Pensei em largar o emprego e tentar ser feliz em Buenos Aires, mesmo que minha felicidade fosse momentânea. Logo após isso pensei em todas as pessoas que me criticariam por estar desempregado de novo. Pessoas que nunca me deram nada, aliás, as pessoas que criticam os outros são justamente quem nunca ajuda. Ninguém nunca me deu sequer 1 real para que eu pudesse ser feliz em São Paulo, Buenos Aires, Tailândia ou até mesmo aqui e essas pessoas me criticariam. Que porra de sociedade escrota!
Não há sequer uma pessoa para me ouvir falar ou para ir ao cinema, não há uma pessoa para dividir uma cerveja ou para jogar conversa fora, mas tenho certeza que apareceriam dezenas me criticando por estar desempregado.
Percebi que na verdade todos estão solitários, não apenas eu. Inventamos lugares para sermos felizes e não conseguimos. Boates, bares, casas de show, são todos lugares dedicados na busca hedonista do prazer e da felicidade. Pobres somos ao acreditar nisso. Me lembrei de um momento feliz que tive... Era uma terça feira a tarde, estava com minha namorada na cama e riamos de alguma piada boba contada por mim. Rimos feito crianças, até doer a barriga. Só me lembro disso e da felicidade que senti naquele momento. Não estava numa boate ou bar, não foi uma data especial ou comemoração, foi apenas mais uma terça feira a tarde...
Se isso não for felicidade, eu desisto de tentar entender...
   
 Toda aspereza necessária...